Sonhos se sonham junto...

A nossa realidade é construida no nosso dia-a-dia! E quem disse que ela não muda? Sigo sonhando, os mesmos sonhos de anos atraz, de gerações atraz...o sonho da resistência, da luta por um mundo melhor!!! Doces sonhos compartilhados por tantos guerreiros e guerreiras...

24 novembro 2007

Onde guardamos o nosso MACHISMO?

O que seria machismo em nossa sociedade? Será que ele realmente existe? Ou é coisa daquelas meninas que ainda vivem do passado e não entendem que os tempos mudaram??
O machismo é fruto da nossa construção social. Desde quando nascemos, somos estimulados de forma distinta, de acordo com o sexo. Meninos ganham brinquedos para desenvolver o intelecto e a criatividade, brincam com quebra-cabeças, legos, jogos de memória... Eles são criados para acharem que podem alcançar tudo o que quiserem, basta se esforçar. Enquanto isso, as meninas são criadas como bibelôs de porcelana, que precisam ser protegidas do mal do mundo, recebem logo uma boneca e aprendem a ser mulher (mulher=mãe?), a arrumar a casa, a cuidar dos “filhinhos” de brinquedo.
Pode até parecer que estou descrevendo uma cena da época dos nossos pais, mas não, estou falando do que aconteceu conosco, e, provavelmente, acontecerá com a maioria dos filhos de nossa geração. Relutamos em reconhecer o machismo, então, como não “detectamos o problema”, não nos esforçamos para corrigi-lo. Convivemos com ele como se fosse natural, sem nos darmos conta de que temos essa sensação porque fomos criados para pensar assim.
Sendo assim, acabamos carregando as atitudes machistas ao longo de nossa história. O bom e velho exemplo da diferença de julgamento entre homens e mulheres com relação ao sexo e as “ficadas” explicitam bastante isso. Costumamos encarar o rapaz como o “garanhão”, “gostosão”, enquanto a menina é vista como “piriguete”, “puta”. E o que dizer então da mercantilização e reificação do corpo feminino... As mulheres são vistas como pedaços de carne, o que vale mesmo é ser gostosa! E dane-se a inteligência, a sinceridade, a honestidade... Isso é coisa para as feias!!!

Entendendo o machismo enquanto construção social, é lógico que o carreguemos conosco nos ambientes em que freqüentamos. Seguindo esta lógica, a universidade não está livre deste mal. Isso mesmo, o lugar que deveria ser a fonte de saber e de ruptura com os preconceitos (a fim de formar cidadãos aptos a atuar junto à sociedade) está longe disso, acaba servindo como mais um meio de propagação dos nossos vícios.
A conclusão mais lógica a qual cheguei foi: precisamos montar grupos de estudos sobre as opressões (sim, no plural, ou alguém discorda de que não é só o gênero que oprimi?) com urgência nas universidades! Aí entrei em outro problema, quem organizaria estes grupos de estudo?? O movimento estudantil??? Mas ele não estaria também contaminado com esse tipo de preconceito??
É, pode parecer esquisito... Mas o movimento estudantil, aquele mesmo que luta pelo fim das opressões, também é opressor às vezes! Não são poucas as vezes que nós, mulheres, somos obrigadas a agüentar piadinhas do tipo “você está stressada? Deve estar na TPM” ou escutar que militamos porque não temos namorado e é isso mesmo que nos falta.
O ser militante em si é muito mais difícil para as mulheres. Tem sempre a cobrança dos pais sobre com quem você anda, o que está fazendo, mas quando viaja para encontros homens e mulheres dormem no mesmo quarto? Como assim?? Você vai ficar em reunião até tarde da noite? Ainda quer que eu acredite??? Para os meninos é só avisar que vai chegar tarde em casa (ou não avisar) e está tudo certo!
Quantas e quantas vezes a proposta de uma garota, que só foi reforçada por um companheiro, é registrada em ata como se não fosse dela? Sem contar com as milhões de vezes que é interrompida durante sua fala, ou com as vezes que ninguém está prestando atenção às suas colocações...
Ainda não conseguimos ser vistas enquanto MILITANTES. Continuam nos vendo enquanto mulheres que militam, sem perceber que o termo não depende de especificação de gênero, basta abraçar uma causa e lutar por ela. Não precisamos de cuidados a mais, não precisamos que paguem a conta para a gente, nem que nos poupem de nenhum assunto. Mesmo que algumas de nós não tenham consciência disso ainda.
Mas e agora? Não tem jeito de mudar essa situação? Tem sim! Quando todos nós, homens e mulheres, percebermos que esse tipo de atitude precisa ser corrigida, que é preciso lutar por mais essa bandeira, a igualdade plena entre os gêneros. A partir daí sentiremos a necessidade de organizar coletivos para aprofundar esse debate e tentar mudar toda essa linha de pensamento, incluindo a nossa, as nossas atitudes, mesmo que inconscientes. Entenderemos que o debate precisa ser feito entre homens e mulheres, mas que precisaremos de espaços de auto-organização, afinal, a presença masculina ainda intimida bastante! O importante mesmo é dar visibilidade ao problema do machismo e lutar para que isso acabe.

3 Comments:

  • At 10:14 PM, Blogger Neguinha da Fé said…

    achei o texto muito massa.

    pq fala nao só do machismo, mas de todos os tipos de opressões.

    e uma idéia bem legal sobre esse tema é a idéia de anti-rotulação. anti-identidade.

    na questão racial, por exemplo, sabemos q raça nao existe. o q existe são diferentes cores, etnias...

    sendo assim, p q ainda hj nós devemos utilizar esse termo?


    pq ao afirmarmos com orgulho algo q o capital abomina estamos nos opondo a sua ideologia.

    mas não podemos nos ater apenas a isso.

    por isso q acho bem legal a idéia dos indígenas zapatistas, pois eles escreviam:

    SOMOS INDÍGENAS. E MUITO MAIS QUE ISSO.

     
  • At 10:24 PM, Blogger Neguinha da Fé said…

    outra coisa: a idéia de MILITANTES é muito paia. A idéia de q a revolução q nos trará o comunismo vai ser feita por pessoas q estão a frente, ou conduzindo ou impulsionando as massas pressupõe algum tipo de hierarquia.

    e se ao analizarmos a história vemos q sempre existem figuras q estão "a frente de seu tempo", mais importantes etc, isso se deve:

    1º pela interpretação parcial da história.

    2º porque em todas as mudanças, todas as rupturas, o povo continuou sendo explorado. houve uma mudança no modo de produção, mas dominantes e dominados continuaram havendo.

    por isso acho q quando A Revolução de fato ocorrer, TODOSSSSSS terão papel importantíssimo.

    ABAIXO O VANGUARDISMO

    ABAIXO A VANGUARDA PROLETARIADA.

    EESA REVOLUÇÃO NÃO TEM ROSTO.

     
  • At 10:25 PM, Blogger Neguinha da Fé said…

    OU MELhor, A Revolução NÃO TEM ROSTO.

    :)

     

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